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Com o "boom" de edições como Wachtmen, Cavaleiro das Trevas, Lobo solitário, Love and Rockets, e as nossas Chiclete com Banana, Circo e Niquel Nausea o público de quadrinhos descobriu uma linguagem adulta e de maior excelência nos quadrinhos, desse modo o mercado editorial se tornou campo fertil para o surgimento da revista Animal da VHS diffusion.
A revista Animal foi um projeto criado por Rogério de Campos (que depois fundou a Conrad Editora e atualmente dirige a editora Veneta), Celso Singo Aramaki, Newton Foot e Fábio Zimbres. A revista publicou pela primeira vez no Brasil artistas como os italianos Tamburini eLiberatore (de Ranxerox) e Massimo Mattioli (Squeak The Mouse), e os espanhóis Jaime Martín (Sangue de Bairro) e Max (Peter Pank).
Também publicou pela primeira vez artistas brasileiros como Osvaldo Pavanelli, André Toral, Fábio Zimbres e Marcelo Bicalho, e também teve colaborações de Jaca, Lourenço Mutarelli e Newton Foot, entre outros.
Além de quadrinhos, a revista contava com o encarte Mau, uma espécie de fanzine em papel jornal, que tratava de música, política, cinema, entretenimento e outros assuntos.
A revista durou 22 edições regulares ( chegou-se a cogitar o lançamento de uma 23ª edição que nunca aconteceu). Além de oito edições das Grandes Aventuras Animal e dois volumes da Coleção Animal,
(Que o S.C.A.N.S também trará para vocês!)
Era um destaque nas prateleiras das bancas de jornais, principalmente pelo seu formato um pouco maior que as revistas da época (21 X 28 cm) e acabamento primoroso.
A revista fez um relativo sucesso, que acabou gerando mais duas versões de personagens que eram publicados na revista normal.
Foram publicadas a Coleção Animal que durou apenas dois números (publicou Triton de Daniel Torres no número 01 e Ranxerox em New York de Tamburini e Liberatore no número dois).
A outra versão durou oito edições e era intitulada Grandes Aventuras Animal. A última edição (de número 08 em Novembro de 1991), fazia uma chamada para a edição de nº 23, que nunca chegou as bancas de jornais.
Se alguém conseguiu este exemplar tem uma raridade em mãos.
Por suas páginas além de Tamburini e Liberatore (Ranxerox), tivemos Antônio Segura e Jordi Bernet (O Kraken), José Ortiz, Milo Manara, Magnus, Daniel Torres, Jaime Hernandez e tantos outros das escolas européias.
Também graças à visão dos editores, tivemos autores brasileiros, e a ótima sessão de correspondência "Maldito Fanzine" a cargo de Fabio Zimbres sempre dando espaço a novos talentos promissores como MZK, Alberto Monteiro, Jaca, Lauro Roberto, etc. Havia também uma coluna chamada Tam Tam que comentava os lançamentos de revistas em quadrinhos na época. Imperdível!
Muito mais que um título em quadrinhos, a Animal era uma revista sobre atitude. O fanzine Mau era espaço livre para temas que interessavam às mais diversas tribos urbanas, sempre recheado com matérias extremamente heterodoxas, para dizer o mínimo: música (blues, punk rock, alternativo, progressivo etc.), cinema, tatuagens, política, ecoterrorismo, divulgação de zines, sexo bizarro (artigos sobre bondage, sadomasoquismo, tara por amputações cirúrgicas ou por fotos eróticas de mulheres idosas), “utilidade” pública (como a cotação do preço de drogas ilegais e resumos de livros que ensinam como cometer suicídio ou versam sobre as diversas maneiras de se assassinar alguém) e, é claro, quadrinhos, especialmente os do tipo underground. Tudo compunha a geléia geral do encarte.
Com isso, a revista não apelava apenas ao leitor comum de HQs, mas aos antenados de modo geral. O que é comprovado pelo fato de que a VHD conseguia vender espaço publicitário fora do gueto habitual das gibiterias e afins. Faculdades, gravadoras de discos, rádios, lojas de roupas e de instrumentos musicais anunciavam regularmente na Animal, o que certamente ajudou a mantê-la nas bancas.
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