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Escrita por Al Ewing, com artes de Joe Bennett (e capas de Alex Ross), essa série têm uma abordagem diferente para o gigante esmeralda, com uma ambientação muito mais aterrorizante, e não foi à toa que alguns estão comparando essa fase com a clássica do Monstro do Pântano, de Alan Moore e John Totleben. Isso faz sentido, já que as duas lidam um dilema existencial, uma atmosfera de mistério que paira por conta da presença destas figuras em qualquer lugar e o rastro de destruição deixado por eles.
Em Immortal Hulk, começamos tudo do jeito que muitos fãs já conhecem, com um Bruce Banner fugindo das autoridades, tentando se esconder entre a multidão e levar uma vida sem conflitos. Vale lembrar que essa história se passa depois dos acontecimentos da saga Guerra Civil II, de Brian Michael Bendis, que – sejamos honestos – foi um desastre.
Aqui os eventos da saga são brevemente mencionados através da narração de Banner: “Certa vez, pedi para um conhecido lançar uma fecha especial direto na minha cabeça. Foi uma situação complexa, vou te poupar dos detalhes”. E depois dessa sutil crítica ao que o personagem passou recentemente, é bom ver como até isso foi bem integrado no enredo, com a “morte” servindo como um novo pretexto para Banner deixar de ser o centro das atenções e vagar sem ser notado. Infelizmente, isso é quase impossível, porque a criatura verde parece ter uma voz cada vez mais forte na relação de médico e monstro dos dois, essa que é retratada aqui com uma mescla de horror e angústia. É como se o Hulk fosse, além de um acidente de laboratório, uma assombração. Não é uma ideia inédita, mas aqui é feita com um toque mais “refinado” que o normal.
Tudo começa com um tiro. Um jovem assustado tenta roubar uma loja de conveniências mas acaba puxando o gatilho na hora errada. Além de matar uma adolescente, acerta Bruce Banner. Tomado pela fúria, Hulk decide fazer justiça com as próprias mãos e procura satisfação com o jovem e a gangue que o obrigou a fazer o roubo. A destruição causada pela criatura atrai a atenção das autoridades e dos noticiários.
No começo, a maior parte da trama tem mais foco na tensão criada pelo personagem e as reações de quem ele atinge do que apenas batalhas exageradas para mostrar o quão forte ele é. Essa proposta lembra bastante a série clássica da televisão, O Incrível Hulk, estrelada por Bill Bixby e Lou Ferrigno, que você pode acusar de datada o quanto quiser, mas tinha um bom roteiro e empresta um pouco dele para esse novo quadrinho, que não esquece de fazer pequenas referências aqui e ali, seja na manchete de um jornal ou na icônica imagem de Bixby solitário pela estrada.
Essa dinâmica forma uma narrativa com possibilidades para coisas incríveis, como a excelente edição #3, “Ponto de Vista”, formada por depoimentos de pessoas sendo interrogadas pela repórter Jackie Mcgee. Temos um policial, um barman, um padre e uma idosa, cada um mais esquisito, engraçado ou assustador que o outro — aliás, uma decisão criativa bem inteligente foi chamar desenhistas diferentes para ilustrar cada depoimento, como Leonardo Romero e Paul Hornschemeier.
Immortal Hulk vem cumprindo todas as promessas com êxito, seja no roteiro detalhado de Ewing ou no traço forte de Bennett, que ao lado da arte finalização de Ruy José (ele, assim com Bennett, representa o Brasil lá fora. Isso é algo que eu sempre gosto de mencionar), deixa as coisas mais impactantes visualmente, com peso, mas sem ser grosseiro demais. É a quantidade certa de agressividade que uma HQ como essa precisa.
Depois de ter feito um tremendo sucesso com a crítica e vendendo até mais que o Batman nos EUA, o quadrinho finalmente chegou ao Brasil, pela Panini, em um encadernado que reúne suas cinco primeiras edições. Se você ainda não teve a chance de ler, está perdendo um dos materiais mais criativos dos últimos anos, talvez da Marvel inteira. Daqui para frente, torço para mais conteúdo nesse nível.